segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Quiron

Sendo Úrano o planeta regente da astrologia, no entanto, é
Quíron quem rege o astrólogo e todos os terapeutas.


Este texto foi escrito e publicado  a 10 de Maio de 2007 no site «Escola de Astrologia Nova-Lis


Quíron é um pequeno astro descoberto em 1977 por Charles Kowal, cuja órbita ocorre entre Saturno e Úrano sendo muito irregular. Para completar uma deslocação ao longo do zodíaco demora cerca de 50 anos e, atendendo à irregularidade da sua órbita à volta do Sol, a sua passagem por cada signo varia entre 1 ano e meio quando passa por Balança, a 8 ¾ anos quando atravessa o signo oposto, Carneiro.


Sente-se que existe alguma dificuldade em analisar este astro. Há pouca bibliografia, comparada com os restantes planetas. Aprendemos em astrologia que Quíron nos fala de uma ferida [física, material, psicológica ou mental] algumas vezes provocada por acidente, por distracção, por algo irrazoável ou que nunca é esperado, introduzindo, desse modo, o tema do sacrifício na vida da própria pessoa: na sua «mortalidade», na sua projecção mundana, na sua saúde, na sua vida material, etc.


Também se aprende que Quíron representa um passo importante na descoberta das fragilidades, desajustamentos e incoerências humanas, através da compreensão da inutilidade de se lutar contra ou fugir daquilo que é a nossa realidade e essência mais básicas.


É por ser insolúvel a dor sentida, que Quíron obriga ao caminho em direcção à mestria das energias humanas; é por estar compulsivamente presente que Quíron não permite que se desligue ou se abandone o caminho traçado; é por não parecer ter explicação ou justificação que o sofrimento se torna dificilmente esquecido.


Para além destas formas de nos analisarmos, procuro ter, igualmente, um outro olhar sobre Quíron:


Quando, em meditação, deixamos a terra e subimos ao céu.


Em minha opinião, é o astro do Zodíaco que mais perto trata de nos encaminhar para o mundo espiritual.

A sua localização no mapa natal representa onde nos sentimos frustrados.

Tal como Plutão é a resistência e Saturno a aprendizagem, Quíron é a nossa frustração. A frustração de não podermos resolver na matéria a nossa missão espiritual, de não estarmos a fazer o que a nossa alma pede.

Quíron, no nosso mapa, existe para nos obrigar a sermos nós próprios, e como habitualmente não o conseguimos, daí surgir a frustração nas nossas vidas. Quíron é o planeta do como fazer.


Muitos de nós agimos pela razão errada, pois as escolhas feitas no passado, habitualmente, não foram as melhores ou as mais apropriadas. Por exemplo, tira-se um curso de informática porque pensamos que vai dar dinheiro, quando o sonho secreto seria ser veterinário, mecânico ou ter outra actividade. Nunca existiu uma época como a que atravessamos - e falando apenas do que conheço -, nunca tanta gente se sentiu tão desajustada e infeliz com as suas vidas.


Este Quíron espiritual, pode funcionar com bastante severidade, pois sendo o planeta do como fazer, pretende que concretizemos; está sempre pronto a avisar-nos: “tu não és o teu corpo, tu és a tua alma temporariamente no teu corpo”.


 Entre os 49/51, temos o retorno de Quíron. Os assuntos dos corpos físico, emocional e mental, já deveriam estar bastante bem resolvidos, para agora se processar um contacto em maior plenitude com a alma. Esse contacto com a alma existe desde que nascemos. Mas esta é a fase da plenitude. A iniciação deveria estar a atingir um ponto de contacto com as Hierarquias. O trânsito é profundamente espiritual, e por o ser, é vivenciado com o corpo, sendo no dia-a-dia que aprendemos os trânsitos deste astro. Enquanto Quíron não tiver feito conjunção a ele próprio, o processo Kundalini pode não estar terminado.


É onde Quíron se encontra, no signo e na casa, que nós podemos ser úteis a nós mesmos, curando as nossas feridas internas e se com isso também ajudamos os outros, é muito bom. Mas não desatem a querer ser terapeutas porque julgam possuir um 'dom' qualquer. Não é terapeuta quem quer. No entanto, o pintor, com os seus quadros, ajuda na cura dos outros. Se eu te sigo no Facebook e gosto dos vídeos que me mostras, estás a ajudar na minha curar, sem que o saibas. Poderia dar milhares de outros exemplos, de ajuda aos outros, sem sermos terapeutas. Mas, em simultâneo, tens que te ajudar a ti próprio. Tá?


Quiron e a kundalini estão intimamente associados. É a ferida e a cura, o bloqueio e o potencial. É onde Quíron se encontra no mapa natal, que cada um tem o que de melhor possui, pois é aí onde se “esconde” a sua verdadeira essência. É o nosso Ser espiritual.


Por isso, Quíron reflecte a nossa frustração. A frustração de não conseguirmos ser quem somos ao mais alto nível espiritual. É a frustração que trazemos através dos tempos, os anseios do Ser Primordial, independente das várias encarnações e dos vários corpos e vidas que essas encarnações propuseram. Esse Ser, com ideais próprios, tinha que se confrontar com a personalidade e o ego de cada uma das encarnações, e com o carma que esses egos iam acumulando nessas encarnações. Foi assim que esse Ser espiritual foi ficando mais longe de se ver completo, de exercer em toda a sua plenitude. Agora, os tempos são diferentes e tens uma oportunidade de te reaproximares do teu Ser espiritual.


É na primeira quadratura de Quíron que a energia kundalini sobe, ou tenta subir, mas nesta sociedade ocidental, pela cultura praticada, não deixamos que essa energia suba. O propósito de Quíron é perfurar a matéria, não para estarmos desligados desta, mas para estabelecermos a ligação com os planos superiores. Como a Terra possui um véu, é necessário furar, para claramente sentirmos que estamos a viver acompanhados do nosso Eu, da nossa consciência, pelas entidades e comitivas. Apesar de estamos sempre acompanhados, infelizmente, a maior parte das vezes não temos consciência disso. Nós, com a ajuda desta perfuração kundalínica de Quíron podemos adquirir essa consciência maior.


O movimento deste planeta é tão irregular que a primeira quadratura de Quiron a ele mesmo pode dar-se entre os 5 anos e meio e os 24 anos. Quando essa primeira quadratura a ele mesmo se dá na nossa vida, essa fase é absolutamente espiritual. Imaginem a primeira quadratura dar-se numa criança de 5 a 8 anos com a agravante dos pais não perceberem o que está a acontecer, e aí temos uma criança super agitada porque a energia kundalini está a subir. São crianças hiper-activas pela acção da kundalinica, que os mais velhos castram. Quando acontece ser aos 14 ou 15 anos, temos adolescentes com problemas. E assim, por diante.


Para as pessoas habituadas a fazerem meditação ou visualização, Quíron representa o caminho, o arco-íris, a ponte, a ligação entre o mundo material e o espiritual. Da mesma maneira que o trabalho de Plutão funciona para transformar a velha consciência numa nova encaminhada para a evolução; com Neptuno tomamos consciência que estamos inseridos no cosmos, no Uno, no Todo, que somos todos Um; com Úrano é a tomada de consciência da nossa ligação ao Céu, da voz de Deus, do Eu Superior a comunicar; Quíron pretende apenas que utilizemos o nosso corpo para conectarmos com o nosso Eu Interior, ou os seres multidimensionais, com o mundo espiritual. Por isto afirmamos que Quíron é o planeta do como fazer. Quíron ensina-nos o caminho do silêncio interno.


Mesmo que alguns pensem que o vosso Eu Superior é Jesus, ou Maria, ou Saint Germain, ou ainda uma outra entidade qualquer, temos que afirmar aqui, com seriedade, que estes Seres maravilhosos não são o nosso Eu Superior. São entidades maravilhosas, nossos Mestres Maiores, mas não são o nosso Eu Superior. Gostaria de insistir nesta recomendação de Quíron: o nosso Eu Superior somos nós mesmos numa dimensão superior. Se essas entidades “nos aparecem” nas meditações, é porque usam a energia do nosso Eu Superior para chegarem até nós, porque, provavelmente, não conseguimos chegar “até lá”. É que vivemos num planeta de gravidade densa…


Quanto mais cedo se tiver a primeira quadratura de Quíron, melhor para nós, porque tudo tem um propósito e mais fluída será a vida futura. Quanto mais tarde for essa quadratura, isso vai querer dizer que podemos demorar algum tempo a conseguir a atravessar a “ponte”, até que isso se torne habitual. Uma das enormes responsabilidades dos pais de hoje é estarem atentos aos seus filhos e perceberem se eles estão a passar pela primeira quadratura de Quíron. Não é catalogando-as imediatamente de “indígos” que vão resolver a questão. Porque é nessa atenção, que reside a ajuda. Compreendendo-os, entendendo-os, mas não catalogando-os.


É de toda a conveniência não confundirmos a acção de Quíron com Plutão ou Saturno, apesar de aparentemente, terem funcionamentos similares. São os três grandes planetas que nos podem causar sofrimento “cá em baixo”, mas os objectivos não são os mesmos: Saturno é para aprendizagem, para crescermos, para corrigirmos; Plutão é claramente para uma tomada de consciência de quem somos e o que temos de fazer; Quiron é o pontapé no rabiosque para fazermos o que temos que fazer.


Terminando: o posicionamento de Quíron no meu mapa diz-me que é nessas energias e áreas de vida que eu vim a esta vida para ser útil a mim mesmo.




Quíron parece ser um desconhecido, pois raramente
aparece nas ilustrações planetárias, mesmo as mais actualizadas,
como esta, onde já se vê Plutão na nova categoria de
planeta-anão. No entanto, vemos Ceres na mesma categoria de anão.
Quíron nem é mencionado.